
Sem dúvida, o mundo digital é um admirável mundo novo, porém, mais por escancarar o antigo que desconhecíamos ou relutávamos em admitir do que por ser propriamente novo.
A tecnologia nos une de um jeito tão intenso que chega até incomodar. Nos deram espelhos e vimos um mundo de porcos-espinhos. Debaixo do tapete nada sobeviverá, basta um clique e o adorno escapa pelas janelas.
Sopra o vento da mudança ou apenas o frescor da brisa nos arrepia?
Em meio a modismos e futilidades a informação se enraíza e os hábitos se transformam nas aparências e nas essências, no entanto, sem perder o fundamental do primata que se acomoda com seu espetacular polegar opositor em curtir uma avalanche de notícias sem medir as consequências.
Por isso, o que sempre nos assusta é o fundamentalismo que vem à tona nos primeiros contatos digitais.
Mesmo que tarde, decobriu-se que a escola é o espaço privilegiado do aprendizado. Para quem leu “O Ateneu” não é difícil lembrar-se de que a escola não molda a sociedade, apenas a reflete.
Porém, não deixa de ser a escola o balão de ensaio em que os futuros agentes exercitam suas habilidades e vocações.
A sociedade carece de novos líderes e denuncia nas urnas a crise de representatividade. Se a escola não os preparar, eles ocuparão as escolas. Tivessem os gestores escolares intimidade com a Carta Magna brasileira e estariam precavidos quanto à força ctônica da autodeterminação dos povos, pois reza o Contrato Social que a força institui a escravidão e somente a covardia a perpetua. A mensagem clara das ocupações escolares é a de que: embora imaturos nossos jovens não são covardes.
A Educação é um dever do Estado e das famílias e será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando seu preparo para o exercício da cidadania. Que a nossa sociedade não desperdice a pura altivez de nossa juventude, colocando-a de joelhos sobre o milho. Que a escola desenvolva a habilidade discursiva de todos os empenhados em assumir o desafio de desbravar as veredas tênues do desconhecido para preservar o que de mais belo existe na confiança recíproca entre lideranças e liderados.
Antes que os estudantes sejam estigmatizados como desocupados por se ocuparem com a cidadania que lhes importa, devemos todos indicar aquilo com que realmente precisariam se ocupar e não apenas estarem preocupados: os partidos políticos.
Desertos, os partidos políticos promovem o abismo entre eleitores e eleitos.
Mais do que slogans, bastava memorizar a simples equação cidadã: Ruas cheias + partidos vazios = candidatos de sempre.
Ou seja, a coisa certa no lugar e na hora errados perde toda a razão de existir e alimenta toda sorte de oportunistas.
Já houve alguns transtornos evitáveis no 2º turno das eleições municipais e a realização do ENEM causa apreensão nas escolas ocupadas.
Estudantes de todas as ocupações, uni-vos (dentro dos partidos) !
Obs: o texto é independente e não reflete, necessariamente, a opinião do NJ.
Dario Bueno, 41 anos, ex-vereador de Jacareí